Histórias de fantasmas e mistérios que fazem parte do imaginário da capital mineira
Foi aqui que pediram histórias mal assombradas? Nesta sexta-feira 13, moradores de BH recontam histórias que atravessam gerações e continuam circulando em ruas, cemitérios e viadutos da cidade.
São vozes sem nome, vultos sem rosto e presenças que, reais ou não, dizem mais sobre o que foi esquecido do que sobre o que se quer lembrar. Confira abaixo algumas dessas “lendas”:
A história começa onde a cidade também começou a enterrar seus mortos: no Cemitério do Bonfim, fundado em 1897. É dali que, segundo antigos motoristas de bonde e taxistas, saía a Loira do Bonfim, uma mulher pálida, de vestido branco, que abordava homens durante a madrugada.
Dizia morar perto, pedia carona até o bairro. Mas o destino final era o próprio cemitério. O homem que aceitava o convite não voltava. O corpo não era encontrado.
Antes de BH ser capital, era apenas Curral del Rey. Ali vivia Maria, conhecida como Papuda, ex-escravizada, que perdeu sua casa com a chegada da comissão construtora. Conta-se que, ao ser expulsa, ela roga uma maldição contra o novo poder que tomava forma no terreno.
Quatro governadores morreram dentro do Palácio da Liberdade entre 1902 e 1933, todos em idade produtiva. Coincidência ou não, a fama do palácio como local amaldiçoado cresceu.
Juscelino Kubitschek evitava dormir ali. Israel Pinheiro quis demolir o prédio. A história de Maria nunca entrou para os livros escolares, mas percorre a Avenida Afonso Pena.
Nos tempos dos bondes, motoristas evitavam cruzar o Viaduto Santa Tereza à noite. Não era pelo trânsito ou pela segurança, mas por medo do Avantesma da Lagoinha, uma sombra sem rosto que surgia nos vagões e desaparecia no ar, deixando um forte cheiro de enxofre.
Hoje, sem bondes para assombrar, o Avantesma teria migrado para as calçadas. Alguns motoristas ainda evitam ar por ali após certo horário.
Na esquina da Rua do Ouro com a Avenida do Contorno, moradores relatam aparições de um homem de terno escuro e guarda-chuva, por volta de 0h30, em noites frias de junho. Nada diz, apenas caminha em silêncio.
A historiadora Heloísa Starling sugere que a figura seja mais do que um fantasma. “Ele representa a transição de Ouro Preto para Belo Horizonte. Muitos não queriam sair da antiga capital. É um fantasma político, por assim dizer.”
Era 1989, e um baile funk movimentava a quadra do Vilarinho, em Venda Nova. Entre os dançarinos, um homem elegante, com chapéu e os impecáveis, chamou atenção. Até que o chapéu caiu. “Todo mundo viu os chifres”, conta Renata Souza, que tinha 17 anos na época. “Foi um corre-corre. Ele sumiu, mas o cheiro de enxofre ficou.”
A história foi parar em jornais da época. Moradores dizem que o tal forasteiro também tinha pés de bode. Nunca mais voltou.